domingo, 29 de junho de 2008

Sabiá

E desde ontem me atrevi a cantar
uma bela canção, nem que for de ninar
e percebi que tinha talento
cantando melhor sem querer, do que quando eu tava atento
nunca ví tanta facilidade
num sei se era porque eu era
ou porque você era
quem primeirontem me estranhei
e que adequá hoje nos entranhamos.

E meu canto fez sentido
pra você e pra mim,
pra mim.

sábado, 28 de junho de 2008

O Poeta da Vela

O poeta da vela certo dia começou a chorar
Pois tinha a inspiração e a vela pra alumiar
Pintou a rima toda na cabeça, mas a tinta tinha acabado de acabar
Ele juntô umas pinga véia e um isquero pra bitucar
As quimba dos charuto mofado que da gaveta arresolveu tirar
Pra que o diabo invocasse e ajuda buscasse pra ele lhe encorajar
Pra que os pulso cortasse para escrever só mais esta rima que acabei de recitar.

Brincadeira de Gente Grande

De manhã eu vazo à toa
procurar um café expresso
apreçá uma meia e um lenso
pra na moda eu ficá
e apresentável e de gel me portá
um serviço hoje eu arrumo!
cansei dessa vida de chumbo
preciso da cabeça ocupar,
acredita que um dia acabei pensando
não ter mais que trabalhar?
idéia mais insana já se viu
mas nunca aqui, no brasil
minha mãe me criou macho
e assim vai ser, vou criar calos enormes
e pagar o remédio deles com o MEU DINHEIRO!

Fabulosa Criatura

Diz um boato secreto que circula ligeiro entra a população
que na minha cidade ronda um trem esquisito à noite na contra mão
essa peste vigia a sombra dos indefeso que não tem hora pra acordá amanhã
nem tem mãe que num dorme nem galo que acorde nem roda de tratô

Que de manhãzinha quando o sol ameaça
ele se despede da nossa carcaça
e vai descansá na floresta
porque à noite a cidade é festa
pra essa besta sinistra
que nunca deixa pista
a não ser o grito de desespero das vítima
que tira nosso sono quando nas última
essas pobres almas tentam só mais uma vez soluçar
e em paz seu sono justo pousar e gosar

Israel

Israel eu te batizo pra entra na minha história
Se' palco de luta e glória que o humano tanto inventa
Ainda corcunda tú respiras tapando a cara que brilhando fica
de luzes de gáses tóxicos, que as ruas tuas desmoronam
casa de tanto ouro negro, até parece uns brasilero
que tira de quem não tem, pra por onde num cabe mais
tanta crença e sem ofensa, tanto papo tumultua
em cada beira de estrada, velando o terrítório
que esse berço de cruzes, que a mãe dessa herança
que num nasceu do meu vizinho, nem meu povo de lembrança
botaram no meu morro indefeso em concreto um grande santo
nas costas um grande manto, de braços abertos pras fotografias
todo mundo admirado olha, mas no fundo sempre finge
que tá vendo uma esfinge construída pela história de seu próprio povo.

segunda-feira, 23 de junho de 2008